A safra de laranja 2019/20 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro foi reestimada para 384,87 milhões de caixas, de acordo com atualização publicada nesta terça-feira (11) pelo Fundecitrus. O valor é apenas 0,11% menor do que a previsão anterior, de dezembro de 2019, e 1,03% inferior à primeira estimativa, de maio de 2019. Da safra total, cerca de 26,85 milhões de caixas devem ser produzidas no Triângulo Mineiro.
O coordenador da Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) do Fundecitrus, Vinícius Trombin, explica que a leve redução da safra foi influenciada principalmente pela variação das chuvas nas regiões que compõem o cinturão citrícola. “Isso ocorreu devido ao volume de chuvas abaixo da média no acumulado desde o início da safra até janeiro de 2020 e também ao greening [pior doença da citricultura mundial], que prejudicaram o valor total”, diz. “Nesse momento, com 96% da safra já colhida, é possível verificar que nos locais onde choveu menos, o tamanho dos frutos ficou menor. Já nas regiões com altas incidências de greening, a queda de frutos foi maior, evidenciando a correlação entre a doença e a perda de produção”, avalia.
A terceira reestimativa da safra traz informações sobre a produção nos cinco setores do parque citrícola: Norte (regiões de Altinópolis, Bebedouro e Triângulo Mineiro), Noroeste (regiões de São José do Rio Preto e Votuporanga), Centro (regiões de Brotas, Matão e Duartina), Sul (regiões de Porto Ferreira e Limeira) e Sudoeste (regiões de Avaré e Itapetininga).
Com exceção do Norte e Noroeste, todos os setores estão com acumulado negativo de chuvas (veja o gráfico abaixo), o que inibiu o crescimento das laranjas. Apesar do grande volume de chuvas neste início de fevereiro, no período de maio de 2019 a janeiro de 2020 choveu 836 milímetros na média entre as regiões, 14% abaixo da média histórica, de 975 milímetros, de acordo com dados da Somar Meteorologia.
O peso médio das laranjas é de 155,5 gramas, o que torna necessário 262,3 frutos para compor uma caixa de 40,8 kg (número 0,88% menor do que a projeção inicial). No Sul e no Sudoeste, as laranjas ficaram menores do que a média, com 154,5 g e 150,6 g, respectivamente (veja no mapa abaixo). No Sudoeste estão as regiões de Avaré, Itapetininga e Limeira, que tiveram seus piores índices pluviométricos das últimas cinco safras.
A taxa média de queda de frutos é mantida em 17,63%. O Sul e o Centro tiveram os maiores índices, 22,66% e 19,09%, respectivamente (veja no mapa abaixo), e as causas mais prováveis são a alta incidência de plantas com greening e a grande quantidade de árvores com elevada severidade da doença. De acordo com o levantamento de doenças feito pelo Fundecitrus em 2019, o índice de greening no Sul é de 36,96%, e no Centro, de 30,76%, sendo significativamente mais baixos nos demais setores.
O engenheiro agrônomo do Fundecitrus Ivaldo Sala lembra que o manejo do greening dentro e fora das fazendas de citros é fundamental para conter a doença. “Os citricultores devem manter o controle rigoroso do inseto vetor do greening, o psilídeo, no interior das propriedades e também realizar o manejo externo, que consiste na substituição de plantas hospedeiras da doença [plantas de citros sem controle e murtas] ao redor de pomares comerciais por outras frutíferas e ornamentais para evitar a infecção de novas plantas”, orienta.
Src. Uagro