O Porto de Santos está com uma fila de mais de 70 navios para carregar açúcar para exportação, porque os compradores ao redor do mundo anteciparam suas compras com medo de eventuais problemas de oferta que possam ser causados pela pandemia do coronavírus. O “engarrafamento” pode levar mais de um mês para ser reduzido. O Brasil deverá ter produção recorde na safra atual. Além disso, países como Índia e Tailândia tiveram colheitas fracas este ano. Outro problema é o novo coronavírus. Três grandes navios tiveram operações de carregamento suspensas nas últimas semanas e precisaram enfrentar quarentenas de 14 dias em Santos, após membros da tripulação terem testado positivo para Covid-19. Uma embarcação no porto de Paranaguá (PR) teve o mesmo problema. Em Santos, as embarcações aguardam para levar mais de 3 milhões de toneladas de açúcar para refinarias pelo mundo. No mesmo período do ano passado, eram apenas 15 barcos, que esperavam para carregar 700 mil toneladas. O tempo médio de espera está agora em torno de 29 dias contra quatro ou cinco dias no ano passado. Os operadores ainda enfrentarão custos adicionais com “demurrage”, uma taxa cobrada por donos de navios quando eles precisam aguardar por mais tempo que o esperado nos portos. Essa taxa fica ao redor de 20 mil dólares por dia de espera, por isso alguns operadores de mercado têm negociado com usinas a postergação de embarques. Compradores de contratos futuros do açúcar para maio adquiriram um total de 2,26 milhões de toneladas para entregas desse contrato, um recorde mensal. Esse açúcar precisa ser entregue em Nova York ao final de julho, o que aumentou o congestionamento em Santos. A trading de commodities chinesa Cofco International e a Wilmar International foram as responsáveis pelas entregas e precisarão pagar a “demurrage”. Dados do DataLiner apontam que as exportações brasileiras de açúcar cresceram 23,4% no primeiro trimestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019, atingindo 3,77 milhões de toneladas embarcadas.
Fonte: Reuters / Datamar News