No Brasil, a demanda pelo açúcar nacional não foi significativamente impactada. “O COVID-19 não parece ter afetado os embarques de açúcar nas últimas semanas – especialmente a partir do porto de Santos, o principal hub de escoamento da commodity”, explica o Analista de Inteligência de Mercado da INTL FCStone, Matheus Costa. O funcionamento dos portos é uma condição favorável à demanda dos produtos brasileiros. A exemplo do mercado de algodão, cujas exportações brasileiras seguem surpreendentemente aquecidas, com grande demanda asiática. “O mercado esperava por uma forte redução dos embarques brasileiros, o que ainda não foi observado. Em janeiro, o país sul-americano exportou 308,8 mil toneladas de algodão, recorde absoluto de carregamentos mensais”, destaca o grupo, em relatório. Em fevereiro, os embarques da pluma atingiram 169,9 mil toneladas, registrando um aumento de 81,7% em comparação com o mesmo período do ano anterior e um recorde para o mês. Para os preços do café, a desaceleração da demanda pode ser minimamente equilibrada pelo sentimento de aperto na oferta nos próximos meses. Porém, caso o problema se prolongue, a perspectiva de uma grande produção para a safra 2020/21 pode pressionar bastante os preços, ao passo que a chegada do novo café ao mercado se aproxime (em meados de junho). Destaca-se que a Itália, terceiro maior comprador de café brasileiro, foi o primeiro a apresentar problemas severos por conta do coronavírus. Quanto ao uso do milho para etanol, um dos fatores que reforçaram o crescimento da demanda doméstica pelo cereal nos últimos anos, pode haver impactos pela queda dos preços do petróleo/gasolina, que têm pesado sobre os preços do biocombustível, reduzindo ou negativando as margens das usinas. Apesar da epidemia de COVID-19 ter começado na China, maior importador mundial de soja, as perspectivas para as exportações brasileiras se mantêm positivas, com os line-ups de navios para março indicando volumes que poderiam superar 13/14 milhões de toneladas. No mercado interno, por enquanto, ainda não há sinais de que o esmagamento possa ser interrompido, mesmo porque as margens estão favoráveis. Além disso, a atividade de processamento da soja em farelo e óleo é conduzida por poucos funcionários.
Fonte: INTL FCStone/Noticias Agricolas