PORTO DE ITAQUI GANHA ESPAÇO NO COMERCIO DE GRÃOS E ADUBO

O porto de Itaqui, em São Luís (MA), já é uma das principais vias de escoamento pelo Arco Norte de grãos para exportação produzidos no Matopiba (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), Mato Grosso, Goiás e Pará, e também começa a ganhar peso como porta de entrada de fertilizantes importados destinados a agricultores dessas mesmas regiões. No primeiro trimestre, os embarques de grãos e derivados como farelos e óleos em Itaqui somaram 3 milhões de toneladas, 30% mais que no mesmo período de 2019. A soja em grão representou 1,6 milhão de toneladas desse total, e o milho 68 mil. No caso da soja, mostram cálculos da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Itaqui respondeu por 7,4% dos embarques totais de 21,5 milhões de toneladas de janeiro a março e ficou atrás de Santos (SP), Paranaguá (PR) e Barcarena (PA). No caso do milho, a fatia foi de 4%. Com a colheita recorde de soja nesta safra 2019/20 e uma produção também robusta de milho, Ted Lago, presidente do porto, projeta que o volume total de embarques deverá alcançar 15 milhões de toneladas em 2020, um aumento de quase 35% em relação a 2019 (11,2 milhões), uma vez que a demanda externa até agora continua firme, apesar da pandemia do novo coronavírus. Essa tendência de incremento, observada também em outros portos do Norte, como Barcarena e Santarém (PA), se explica sobretudo pelo custo dos fretes, mais baixos por causa das distâncias menores entre os polos produtivos do Centro-Norte do país e os portos do Sudeste. E é exatamente por isso que as importações de fertilizantes também começaram a aumentar, fechando a equação logística para produtores rurais, tradings e agroindústrias. Segundo Lago, entraram por Itaqui no primeiro trimestre 1,3 milhão de toneladas de fertilizantes, um aumento de mais de 75% ante igual intervalo de 2019. O executivo também atribui parte da disparada ao aumento dos investimentos no campo e à antecipação das compras pelos produtores de soja, motivada pela relação de troca favorável entre o grão e o adubo. E lembra que o fluxo vai aumentar ainda mais, já que será inaugurado um novo terminal específico para esse tipo de carga, no qual estão sendo investidos R$ 130 milhões. “Estamos a uma distância menor dos fornecedores [de fertilizantes], seja América do Norte, África, Ásia ou leste Europeu, e a tendência é a logística ficar ainda melhor quando for inaugurado o novo terminal, que facilitará o escoamento para o interior, usando a via férrea”, disse, referindo-se à ferrovia Norte-Sul, da VLI. O novo terminal é da Companhia Operadora Portuária do Itaqui (Copi), controlada pela empresa de fertilizantes Fertipar e pela Rocha Terminais Portuários e Logística, e deverá ser concluído em setembro, de acordo com Carlos Roberto Frisoli, diretor da Copi. Este ano, a companhia deverá movimentar 1,6 milhão de toneladas de adubos por Itaqui. Frisoli diz que parte do investimento de R$ 130 milhões é para armazéns e construção civil, mas que 60% do total tem como destino a compra de equipamentos, incluindo esteiras automatizadas e uma tulha ferroviária, onde se carrega os vagões. A estrutura visa ampliar a capacidade instalada de recebimento da Copi para 3,5 milhões anuais, até 2024. Nesse prazo, 1 milhão de toneladas deverão passar a ser puxadas por via férrea, desafogando o modal rodoviário na região. “O trem que sobe com soja para Itaqui vai poder descer com fertilizantes até Palmeirante ou Porto Nacional, no Tocantins”, disse Frisoli. Esse projeto está sendo estudado em conjunto com a VLI, e também ajuda a reduzir custos.

Fonte: Valor Economico / Portos e Navios