A pandemia da covid-19 e a queda nos preços do petróleo, devido à disputa entre Arábia Saudita e Rússia, direcionam, neste momento, o eixo inicial da safra de cana-de-açúcar 2020/21 para a produção do adoçante. Este foi o diagnóstico apresentado por especialistas, durante o webinar “DATAGRO: Açúcar e Etanol: Choque de Preço e Consumo em Tempos de Covid-19”, realizado nesta quarta-feira (08). Participaram do evento online como palestrantes Paulo Roberto Garcia, Sócio da Vital Commodities; Jeremy Austin, Diretor Geral da Sucden do Brasil e Felipe Ferraz, Diretor da Golden Agri-Resources (GAR). A moderação ficou a cargo de Ivan Melo Filho, Sócio da DATAGRO Financial. De acordo com Garcia, a realidade é que o vetor da safra mudou, saindo do etanol e indo para o açúcar. Com as medidas de distanciamento social, as vendas e consequentemente os preços do biocombustível vêm registrando queda, fato que também decorre do recuo nos preços dos combustíveis fósseis. Segundo Ferraz, a liquidez do setor agora é no açúcar e as usinas vão buscar maximizar a produção do adoçante. “De fato, já vejo mais “vida” no açúcar neste momento, com as usinas já procurando fazer mais o adoçante neste começo da safra, mas é preciso aguardar os desdobramentos”, ressaltou Austin. O ponto de indagação, frisou Ferraz, é “até quando a demanda será guiada fortemente pelo coronavírus e os efeitos que a pandemia provoca?”. Outro ponto destacado pelos especialistas se refere ao cenário de estocagem dos produtos, especialmente o etanol com o avançar da moagem da safra. Na avaliação de Garcia, se a demanda para o etanol não for normalizada, o setor poderá ter problemas para armazenar o biocombustível e mesmo o açúcar produzidos. Melo sublinhou que eventualmente o processo de moagem possa ir sendo adiado caso, de fato, se configure este quadro problemático relativo à armazenagem. Para Austin, a demanda para o etanol deve começar a melhorar a partir de setembro.
Fonte: Universo Agro/DATAGRO